Olá

Bem vindo a partes de mim



terça-feira, 6 de dezembro de 2011

DESPERTEM!

Alô, alô, aqui quem fala é o futuro da nação. Mando uma mensagem para para meus colegas de geração. Despertem, meus amigos! Despertem e vejam o mundo ao seu redor!
O mundo não está pronto, não, não. Pelo contrário, há ainda muito a ser feito. Há ainda muito para ser melhorado. Se é verdade que eu, ou você, ou todos nós juntos não podemos mudar o mundo, é bem verdade que nós podemos ao menos tentar melhorá-lo.
O grande problema da nossa geração é achar que não tem pelo que lutar. Nos acomodamos, nos conformamos com o mundo e seus problemas ao ponto de tudo ser normal. Dá pra acreditar, NORMAL?
Pois bem, não é nada normal políticos roubarem sem punição. Isso pode até ser comum, mas passa bem longe de normal e bem mais de correto.
Não é nem um pouco normal existirem tantas pessoas esquecidas, às margens da sociedade, sem direito a casa, comida e outro requisitos básicos à vida. Por que eu tenho direito à tanto e elas não? Elas, assim como eu, são cidadãs e merecem seus direitos, assim como deveres.
Normal é passar anos na cadeia por roubar pouco e quem rouba muito ficar impune? Normal é tirar a vida de alguém, recorrer à justiça e passar apenas por um processo? Não, nada disso é.
Não é normal inverter os valores de uma sociedade chamando-a de moderna.
Assim como em 64, vários golpes tem sido dirigidos ao povo, porém agora de uma forma bem mais discreta. Então envio esse recado como quem grita bem alto nos ouvidos de cada um na esperança de despertar a Coragem, a Justiça, a Verdade, o Amor ao próximo e a Paz desse sono no qual estão envolvidos.
Despertem, valores! Despertem, jovens!
Não é hora de acomodar-se com o mundo atual apenas remediando os problemas que nos atingem. É hora de erguer a voz, o braço e começar a luta. Melhor esse mundo é possível e começa quando percebemos que é.
Chega! Eu não vou mais aceitar ter meu dinheiro desviado por corruptos! Eu não vou mais aceitar ser brinquedinho do governo! Não vou ficar assistindo as decisões serem tomadas sem justificativas! Esse país também é meu, sou sua filha e mereço saber, aprovar ou não o que virá a acontecer. Também sou uma voz ativa nesse mundo!
Não quero mais pessoas abandonadas pela sociedade. Quero mais escolas, mais saúde, mais empregos e tudo que o povo merece. Quero que todos tenham chance nessa corrida da vida.
Hoje, eu digo chega para o comodismo, desperto e chamo todos a fazerem o mesmo. Hoje eu decido que não vou ver o mundo ser girado pelos mais ricos, vou fazer valer minha voz nessa sociedade.
Despertem, companheiros. Não assistam de camarote o globo descer ladeira à baixo e se atolar no mal. Mesmo que a vitória total não seja conquistada, a luta nunca será em vão.
É hora de fazer alguma coisa pela nação.
3, 2, 1, DESPERTEM!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

que

Que as linhas se preencham sós. Que arrastem aqui de dentro algo que não consigo trazer. Que minhas frases sejam simples, que mais simples ainda seja eu. Que eu ache algo interessante, mas que, antes disso, eu me ache.
As lágrimas que se precipitam agora são por mim. Uma eu que não sabe o que é e porque não consegue decidir por si mesma o que fazer. Nem consegue se distrair o suficiente, e talvez nem queira. Queira logo é resoluções, não colocar os problemas pra baixo do tapete, escondendo-os do mundo, mas ainda assim convivendo com a poluição deles.
Mas, por certo, se alguém me pergunta agora o que eu tenho, logo teria como resposta um completo e sincero 'não sei'. É algo aqui dentro. Remexendo, fazendo uma bagunça danada em mim. Algo que eu preciso acalmar, antes de poder fazer algo mais. Acho que esse barulho deve ser o meu eu chamando a mim mesma, perguntando 'quem é você?' ou o que eu quero, perguntando o que aconteceu com os eus que deixei pela estrada, pelo que o caminho tragou da minha essência.  Eu me pergunto quem fui e quem sou, tenho medo do virei a ser. Talvez perguntar seja arriscado e até um ciclo sem fim, mas parece-me melhor pelo menos perguntar do que conformar-me com o que tenho, sem perspectiva de crescimento, apenas fingindo não ter a lacuna que tenho. Porque enquanto eu não descobrir nem o que é, não posso mexer assim com a vida alheia, a minha ou dos outros.
Na verdade, saber eu não de nada. No fim, saber todas as leis de Newton, ionizar moléculas ou decorar o ciclo de Krebs não ajudam muito. O mundo, além de poeira estelar, ou biosfera é um mistério.
Eu, além de máquina ou fruto da evolução, sou uma mente, algo vivo! Imagine só, vivo! Penso, existo e sou também um mistério.
Que o alívio venha doce para meus ansiosos lábios. Que eu não me iluda pelo superficial. Que o mundo seja sempre esse maravilhoso mistério. E eu? Que eu seja mais um ao fazer serenata às miríades de estrelas, numa node escura sem solidão.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vita Brevis

Sorrindo, Anna embrenhava-se entre os ramos das árvores. Eu, que tinha ficado pra trás na corrida, a observava de longe, seus grandes olhos que brilhavam quando refletiam o verde que ela tanto amava. Ela corria, brincava, voltava, me enlaçava com seu lenço como se eu já não estivesse sido laçado antes por ela mesma.
Eu não conseguia acompanhar sua frenética felicidade. Ela até parecia uma pássaro que, antes preso, agora voltava à natureza. Junto com as borboletas, ela bailava e seu perfume conseguia ser sobrepor ao das rosas, me encantando a cada inspirar. Inspirava-me seus jeito de menina que fuzilava-me com olhar de mulher sempre que podia, sempre que eu baixava a guarda suficientemente. Ela parecia poder invadir-me completamente com aqueles olhos, eu, confuso, piscava, não aguentava, desviava o olhar, tinha medo que ela me descobrisse, conseguisse me ler, pudesse entrar e ver meu segredo, ver o meu amor.
Parado, abobalhado, eu gritava para ela 'O que é isso? Você é louca!' e caia no riso logo depois. Ela, com todo o charme que às mulheres cabem ter, respondia-me,sorrindo, no mais eloquente sussurro: 'Vita Brevis!'. Olhava-me por alguns segundos para só certificar-se que sua mensagem havia chegado. Depois, faceira, virava-se e corria novamente. Eu, para não perde-la, nem naquele momento nem nunca mais, corria no seu rastro.
Anna tinha razão quando me dizia aquelas palavras, que traduzidas do latim significavam ' a vida é breve'. Eu não sabia latim, muito menos ela, que, por certo, viu esta frase em alguns de seus livros. Já eu, mesmo sem tradução, pude entender no momento em que ouvi. No momento em que sua alma gritou para a minha despertar.
Ela tinha algo realmente especial que ninguém poderá explicar em tempo algum. Tudo que fazia possuía um adocicado gosto de poesia. Ela tinha o dom de me envolver, tragar-me a tal ponto de eu não saber mais quem sou eu ou o mundo ao meu redor.
Amei-a a todo momento. Em todos os gestos. Quando umedecia os lábios, mordendo-os levemente, ao fim. Até quando falava rápido demais. Quando me citava livros, filmes ou músicas. Amei-a quando ela escrevia concentrada. Mutilei-me por dentro por não poder fazer nada quando a vi chorar. Me apaixonei a cada sorriso que sua boca sorriu. Quando envolvia as próprias mãos de nervosismo. Quando olhava o céu e admirava, estrela por estrela, a beleza da criação. Quando cheirava os livros. Quando não se importava com nada ao seu redor, me fazia rir de seu jeito espontâneo e dizia 'vita brevis'. Eu a quis mesmo com seus gostos, mania e medos estranhos. Amei-a quando preencheu de magia o meu mundo.
Anna me fez sorrir os sorrisos mais sinceros. Me deu a alegria de uma vida inteira. Me deu um mundo só nosso, e visitamos vários outros. Em noites muito frias, sentávamos juntos e nos aquecíamos com o mesmo cobertor, conversávamos por horas uma conversa silenciosa de alma para alma. Porém, nas noites quentes saímos e deitávamos no jardim observando o céu, às vezes, Anna me recitava ao pé do ouvido poesias, me olhava, sorria e beijava-me com os os melhores beijos de sua boca.
'Vita Brevis' ela sempre me repetia, não como uma sentença, mas como um lembrete, convidando-me a desfrutar ao máximo esse presente. Perdí a conta de quantas vezes conversamos sobre a vida e o universo. Conviver com aquela mulher era, além de tudo, crescer com aquela mulher. Ela estava comigo até quando eu dormia, em meus sonhos. Ela era o meu sonho. Havia tanto de Anna em mim que ir embora ou deixá-la escapar era matar-me por partes. Ela sempre foi meu precioso diamante. Ela era diferente do resto do mundo.
Hoje, só eu sei a falta que Anna me faz. Relembro com dor seu último recado. Pálida, parecendo mais frágil que nunca, olhou-me profunda e demoradamente com aqueles poderosos olhos. Fitou-me. Eu não desviei o olhar. Conseguiu atingir meu ponto mais interno e então moveu lentamente os lábios que haviam perdido seu habitual tom avermelhado. Disse-me então pela última vez 'Eu amo você. Vita Brevis, meu querido. Agora, à Vida Eterna.' Então deixou que as pesadas pálpebras lhe cobrissem eternamente os olhos. Os olhos que eu nunca mais veria.
Mais uma alma brilhando se despedia desse mundo. Agora, eu sabia, ela voava para o melhor de todos os Reinos, o Sagrado.
E eu, aqui, fiquei abandonado pelo meu bem. Tive que dar adeus e a Deus uma grande parte de mim.
O que existe agora são só os brilhos que ela deixou por onde andou. Acabou-se a vida terrena de Anna. Mas não meu amor. Minha amada ainda vive, eu sei.



Essa é a minha história. Minha história de amor. É para mim essa a aparência que ele tem. Espero que levem algo de bom daqui. Que Anna possa viver um pouquinho também em vocês, minhas queridas.

                                                                                               Com muito amor, 
Vovô

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sou uma parafernália. Um lixo eletrônico da sociedade retrógrada da era de avanços.
Sou a escória da sociedade. Sou quem pensou enquanto o mundo calculou.
Sou um bicho esquisito que o mundo criou. Sou um monte de tudo ou nada.
Sou o que a de vir e o que já fui.
Sou um novelo de lã emaranhado.
Sou aquilo que a sociedade renega. Um louco, um poeta.
Sou um mundo todo, cheio de gente.
Sou o futuro da nação, mas nem o meu futuro posso ter nas mãos.
Dizem que sou livre. Dizem que eu sou igual ao resto do mundo.
Mas como acreditar em quem só quer meu consumo.
Eles não querem minha mente, querem meu dinheiro.
Sou mais que papel moeda
Mesmo assim agem como não.
Sou o que resta e o que soma.
Sou tudo, sou nada
Sou um ponto de vista, uma mente armada
Sou um eu todo e todo mundo

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Chamem o maestro de volta!

É como se o eu agora fosse um emaranhado de "eus", sentimentos embolados como um rolo de tricô, que anseiam por quem os desembole. Não há o que se escrever, enquanto não se entende o que se passa. Agrupou-se tudo ao ponto de sentir um grande nada aqui dentro. Não sei bem o que escrevo nesse momento. Um tudo, um nada. Um eu. Perdoe-me então, caro leitor, se demoro-me com tolices. Palavras que nada dizem, pois bem, agora parecem-me a única forma de mandar uma mensagem daqui de dentro.
Nada digo pois nada me vem. Como pode, eu mesmo não me entender, ou ao menos acompanhar? Deem-me um tradutor capaz de traduzir seres e serei grata! 
"Aqui bate um eu sozinho, aqui bate um montante de gente" diz meu coração.
Oh, perdoe-me novamente, entrelacei minhas linhas como aqui dentro entrelaço sentimentos. Sou uma orquestra desafinada. Vários lados gritam, e o público (que também sou eu) nada consegue entender. "Chamem o maestro de volta!" eles gritam.


*texto parcialmente inacabado, mas postado mesmo assim. Escrito há algum tempo, postado como retrato de mim.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Guardo aqui, pequenas relíquias de nós dois...





segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Conversando e dando nós

O tempo tem passado mais rápido do que de costume. Mas talvez costume mesmo seja deixar o tempo passar sozinho, sem a companhia da minha consciência. Paro em alguns fatos, revivo-os ou evito-os, planejo o futuro como quem borda um vestido, sonho, reconto a história e posso até alterá-la. Então, no fim das contas, meu tempo nunca é o tempo certo.
Mas o tempo nada mais é que uma invenção humana. Dias, meses, horas, minutos... Nada disso existe de fato, é apenas mais uma parede de pano que colocamos no mundo, tentando preencher o vazio que o mundo se torna com essa mania de complicar tudo.
Porque tudo ou  nada, é muito simples. Sem um ou sendo o outro, a verdade absoluta é que não existem verdades absolutas salvo a verdade de Deus. Pois tirando-O que é soberano, tudo tem vários lados. Pode parecer confuso o que vou dizer agora, já que pode contradizer o que disse há pouco. Pois quanto o mundo todo é simples, nada é plano como um quadrado, seríamos mais como octógonos.Vários lados, versáteis, mutáveis. Mesmo que pareça, não se trata de contradição. Nada de antítese, o caso é de um paradoxo. Contrários se fundindo em um enunciado, e aqui o enunciado é o tudo do universo todo. É tão simples que é complexo.
Pois que mistério gigantesco se desenrola bem debaixo dos nossos narizes! O mundo e o simples fato de viver já é inebriante demais, não conseguem perceber? Então para quê perder tempo com coelhos e cartolas, mulheres partidas ao meio que se junta novamente, tarô ou signos, se a grande cartola já é o mundo em que vivemos, o sono que nos envolve e, por vezes, nos ganha. O coelho somos nós, esperando para despertar, pular para fora da cartola. E mulheres, bem, todos sabemos que mulheres não só se repartem em uma como em duas, três, quatro, mil... e depois unifica-se novamente. Aliás, não só mulheres, todos nós temos em nós uma população de nós todos. E que nó que dá pensar em tantos nós dando o nó dentro de nós que somos demasiado nós para que nós possamos compreender!
Falando em compreender, quem, além de Deus, que criou tudo, será capaz de compreender o mundo ou a si mesmo? Pois tendo compreendido a si mesmo, qual seria a graça de ser? O toque de mistério que ronda a vida é o que dá-lhe a graça. Pois o saber completo é o que buscamos, mas bem certo sabemos que na verdade, não podemos tê-lo e, mesmo podendo, não o iríamos querer. Bom mesmo é guardar uma pontinha de não saber, de dúvida, só pra poder evoluir, só pra poder deliciar-se. E quem nunca guardou a pontinha do doce pra depois só pela satisfação de tê-lo por mais tempo? Não sei os seus nós, mas as minhas dizem por aqui que sim!
O meu simples mundo de complexidades funde-se num outro mundo bem maior, que sabe-se lá, pode ser apenas a fagulha, ou sombra de outro. Quem sabe, nada passamos de um show de marionetes, ou ainda, meros prisioneiros de uma caverna, admirando sombras, crendo ter o mundo todo.

domingo, 9 de outubro de 2011

Frases da despedida

É o ciclo natural da vida. Não se há o que fazer. Mas mesmo assim, a despedida dói, ainda mais quando está junto com a chegada, já tão demorada.
Hoje, vejo o mesmo ser, os mesmo olhos que me observaram na infância, dar seus últimos passos nesse mundo. Não sei como descrever aqui o que senti. É impossível. Diante dos meus olhos, as pontas da vida, na mesma família, o mais novo e mais velho em fronte um do outro.
Hoje, nosso encontro, talvez o último das nossas vidas. Você, em que me sentei ao colo ainda quando bebê, quem sorriu ao me ver correr na terra e subir em árvores. Quem por vezes vi, concentrado, aguar sua plantas, com amor e carinho de homem da terra. Meu avô. O dono da casa com diversões demais para uma criança, quem me via correr com flores nos cabelos e acompanhou meu crescimento. 
Perdoe-me se não fui a neta mais próxima, se não companhei os últimos passos que conseguiu dar só, ou se não recordo a última vez que me ouviu com facilidade. Se me distanciei ainda mais com o tempo.
Mas é difícil para mim, ver-lo tão debilitado. Mas como me anima seu sorriso em meio à tudo isso. Acho que foi a primeira vez que te vi rir, de uma piada ou só da conversa. Sua risada, embora baixa, me trouxe um riso tão feliz, de esperança, de vida, de amor.
Como de dói, ver quem sorria para mim na infância, não me reconhecer mais. Seu olhar vazio de quem me cumprimenta mas não me conhece me corrói. Mas eu entendo, te abraço e te chamo de vovô, mesmo que não conheça algumas vezes, sei que o senhor está ai dentro, e eu o amo.
Porém, quando me reconhece e me abraça, me sinto tão tranquila, feliz.
Hoje, comparo sua pálidas e magras pernas às minhas, que contraste a vida é. Sua pele agora tem mais rugas, mas mesmo assim, te acho tão bonito. O cabelo alvo, que insiste em não cair, traz a mente o homem que fostes, o preto que se mantém em alguns fios é a marca da juventude que passou.
Seu corpo antes musculoso, agora é magro, mas mesmo assim, pesado demais para as finas pernas. Na paciência com que meu pai te guia e te apoia em seus lentos passos, eu vejo resplandecido o amor inteiro.
Quanta vida cabe em noventa anos?
Sua mãos, com um dedo a menos que o trabalho levou, são grandes e enxugam os olhos avermelhados e molhados depois do nosso abraço. Se o brilho que ali existe vem da velhice ou te tu próprio não faz diferença, mas projeta um amor pueril, uma força da labuta diária, da luta para sobreviver e de cada dia que se põe sem desfalecer o corpo e a alma já se torna uma vitória.
As fotos a minha frente são o passado presente e mais independente do frágil senhor ao meu lado, eu revezo e retorno meus olhares entre os dois homens, o da foto e o real. Em poucos anos, toda a velhice decidiu recair por ti. 
Quando em uma cama de hospital, ou sentado em uma cadeira na sala, gravo sua imagem, para ter certeza que o tempo não te apagará em mim.
Teu sorriso tão bonito, que guardarei para todo o sempre da minha vida.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Bonecos

Ah, a ilusão da vida. Esta longa e tortuosa estrada tem por mania nos confundir, projetar miragens e visões. Nos engana com sua magia de cigana, enfeitiça cada brecha de nós que esquecemos de tapar. Nos invade e aniquila lentamente, interiormente, como o líquido retirado da cicuta.
Ilude tanto que nos faz pensar ser mais do que somos. Um super ego que de nada nos serve, ou soma, ou multiplica. 
Chegamos a pensar, por vezes, sermos melhores, ou maiores que outros. Pois quando na verdade não se sabe, não se deixa saber que somos todos iguais. Bonecos de barro. Modelados pelo mesmo oleiro, que teve cuidado igual, ao esculpir os braços, as pernas, desenhar sorrisos e pupilas. Arrumar os cabelos, pintar as roupas e atribuir a cada qual sua qualidade. Diferente, porém iguais. Como? Apenas sendo. Sendo mais um dos paradoxos universais.
Cada boneco foi moldado com especial atenção. Mas bonecos são inocentes. Inocentes à ponto de se deixarem levar pelas ilusões, truques, joguetes que se encontram pela vida.
Pois nenhum é melhor que o outro. Cada boneco é particular, singular, mas se funde em um contexto. Quem sabe, em uma peça teatral. Bonecos são todos dos mesmo moldes. Há quem diga, 'barro mais claro faz boneco melhor', ou, 'boneco com mais adereço, mais luxo, são os que prestam'. Mas quem irá acordar?
A luz matinal deve despertar, abrir os olhos que cegam a primeira luz mas se permite enxergar por completo da segunda. Portanto, que escancarem-se as janelas da alma, deixem a luz passar. Remendem as fenda nas paredes para que a magia maléfica não te envolva e voltes a dormir. 
Porque bonecos, estes são todos nivelados. O Oleiro é cuidadoso e não deixa que nenhuma das obras seja inferior à outra.
Desperta é vê, que cada boneco tem sua singularidade. Todo boneco tem sua função.
Desperta e vê que tolice é crer que alguém é melhor que alguém.

domingo, 2 de outubro de 2011

O que é, o que há

Memórias que vem e vão, como as ondas incessantes e em dias de ressaca. Não, não me levem, eu imploro. O é, o que há. Nada será como seria. Fatos alteraram-se e, no meio do caminho, o enredo tomou outro rumo. Personagens em adaptação, a história em progresso. O que é, o que há?
O ritmo da vida nunca é vagaroso, até nos dias que se seguem sem demasiados acontecimentos o ritmo da vida segue em desassossegado acelero.
Dúvidas permutam e preenchem minhas noites, tensas fendas que abrem-se nas finas paredes da minha realidade. O que é, o que há. Tudo há ser o que será.
O por que já nem me questiono mais. Como um texto em pleno processo de formação, aqui estou eu. Minhas palavras estão organizando-se, e alguém está escrevendo. Um narrador cá de dentro conta e reconta os fatos. Mas o roteiro, ah, o roteiro... Esse ninguém planeja e, se planeja, longe estou eu de desvendá-lo.
Certeza não me são cabidas e dela fujo por mais que a procure. O por que? Esse não o sei e como já disse, cansei de buscá-lo. Que então, tome-se prumo logo essa minha certa incerteza que me aflige.
Perdoe-me, caro leitor. Já eu nem sei o que escrevo, sou eu saltando para as letras, me esculpindo em palavras. Logo, não poderá dar muito certo.
Pensei em escrever aqui mais um artigo de opinião, ou, quem sabe algum fato cotidiano que me rendesse uma boa crônica. Mas não basta. Há em mim uma inquietude, um questionamento que me mordisca vez por outra, o qual busco atolar em meu ser e evitá-lo. O que não é possível, claramente.
Mas e esse passado que não me deixa. 'Se's que, mesmo agora, quando o livro toma outro rumo, ainda persistem em questionarem. Talvez não por vontade de serem realizados, mas apenas por curiosidade. Mas o que é, o que há, meu bem? Esse página do livro foi apagada, e não há como retornar. Apenas sobraram as marcas do lápis que se quiseram tatuar no no papel. E registraram, o que foi, o que não é mais.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

livre, ando-me

Como uma brisa, sentimentos me invadem, acariciando minha alma em deleite sereno. Imensidão, queitude, paz, calmaria. Talvez isso seja amor. Amor por amor, amar por amar. Eu não sei, e é um não saber tão bom... Sentir é bom, isso é bom. Um presente do meu Deus. Paz. Amor. Fé. Vida.
A cálida brisa sentimental recheia-me, me sinto completa, plena. Eu por eu mesmo. Eu em eu mesmo. Sem excessos. E é tão bom isso. Retirar da sua vida o que pesa, o que acumulada. Despir a alma, a mente. Ser você, só pela essência, na mais pura forma do ser.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O Jardim

Severina, mais uma (sobre)vivente desse sertão de meu Deus tinha agora 14 anos. Mais uma jovem oprimida pelo capitalismo, pela ganância. O pai trabalhava em uma fazenda grande, a mãe sempre estava ajudando o pai da menina, no campo. A família vivia em um barraco. Sim, barraco. Barraco este que a jovem Severina divide com mais cinco irmãos e os pais.
Desde muito cedo Severina observa as mãos e pés calejados do pai que trabalha desde antes do raiar do dia. Aquele senhor pobre, que vestia velhas roupas ganhas. Um favor raro e mesquinho do seu 'sinhôzin'. Aquele pai que acordava antes do sol só pra vê-lo nascer, era isso que dizia à curiosa filha quando esta o acompanhava nas manhãs nascentes. Logo depois o pai seguia com sua enxada para o campo, ela acompanhava sua mãe nos afazeres antes que seus irmãos - todos mais novos - levantassem.
Dona Maria, mãe de Severina era uma mulher simples, que, assim como o pai da menina, gostava de apreciar os pequenos momentos que a vida nos dá. Pequenos cachos brotavam da cabeça da mulher, sua pele é morena do sol, maltratada pelos anos e pelo trabalho duro de mãe, mulher e ajudante do marido no serviço, quando possível. Rugas de expressão desenhavam o rosto de Maria. Rugas que traziam anos de luta, de vida. Na boca, faltavam-lhe alguns dentes, o que não impedia o riso espontâneo que relutava em aparecer naquele rosto, naquela mulher, naquela vida, naquele sertão.
Sertão laranja. Sertão de luta.
Severina, quando pequena andava nos arredores do seu lar sempre que seu pai se ia a trabalhar. Hoje, enquanto prepara o pouco de comida que há em sua casa para sua família ela lembra. Lembra que andava até a cerca, seus pais não a deixavam passar dali. Adiante estava a casa do patrão do seu pai. Ela não podia seguir ali, mesmo assim, às vezes, tomando muito cuidado, Severina ia. Ia só para poder espiar um pouco do que havia naquele mundo proibido 'Do outro lado da cerca'.
Um dia, Severina lembra bem, ela atreveu-se além dos juazeiros e cajazeiras. Andou até encontrar um jardim bem cuidado, com flores belíssimas, de várias cores que encheram de lágrimas os humildes olhos daquela sertaneja. O coração de Severina palpitava como nunca! "Que mundo bonito é esse!", pensou. Andou por entre os ramos de plantas baixas, tocou a grama com tanta emoção que a água ali acumulada da chuva logo misturou-se às lágrimas da menina. Ela tinha aprendido direitinho com o pai. Ver o amor em cada resquício de vida é uma arte, coisa de gente esperta, inteligente. Assim como Severina, assim como seu pai.
Severina estava deitada no chão, seu velho vestidinho, agora de um rosa claríssimo decorrente do desbotamento, estava esparramado pela grama. A menina segurava uma pequena flor na mão, de quantos em quantos a levantava e cobria o sol com ela, só para ver o contraste das cores. Até que, de repente, um rosto cobriu seu céu, falando um 'oi' simpático e curioso o menino se fez presente para a menina. Sorriu com toda boa vontade e inocência infantil, sentou-se ao lado de Severina e ajudou-a a levantar. Perguntou seu nome e nada mais. Nome só era necessário para saber como chamar a futura companheira de brincadeiras, nada além disso era importante no momento.
Severina e Joaquim - esse era o nome do garoto - passaram um ótima tarde juntos. Brincadeiras que, o menino sem irmãos e a menina que precisava ajudar os pais quase sempre, não tinham normalmente, tiveram naquele dia. Um ansiava pelo outro todos os dias que antecederam este. Uma por querer a infância que não tinha ou teria direito, o outro por querer felicidade, sorrisos, calor humano nos seus dias. Aquele foi o dia em que ambos escaparam do seu mundo. Infantil duro mundo.
Os meninos subiram em árvores, rolaram naquela verdíssima grama, esconderam-se dentre as flores, correram, correram muito, como quem corre para a felicidade. E assim foi. Ambos estavam felizes. Aquele sorriso que não saía do rosto, aquele coração disparado que não se aquietava nem depois que o corpo todo já havia se recuperado da corrida. Aquela disposição que parecia inesgotável, aquele mundo lá de fora que havia sumido, pois agora, era como se só o jardim existisse. Isso tudo era a felicidade no seu mais puro estado, transbordando do peito dos meninos.
A sertaneja e o menino disseram se encontrar ali no outro dia, logo depois do nascer da vida, do nascer do sol. E, de fato, se encontraram. Naquele, no próximo e nos outros dias que sucederam estes. O tempo passava e aquela amizade de primeiro olhar só crescia. Severina levava um pouco da sua humilde alegria que tinha em sua vida e Joaquim levava um pouco da sua disposição à amizade, sua coragem, sua falta de pressa, de compromisso.
Uma pena que os encontros durassem cada vez menos, pois cada vez mais Severina precisa ir para o campo com sua mãe ajudar seu pai. Eram tempos difíceis, este dizia, eram tempos de seca. Era preciso dar duro para conquistar o pouco que tinham, mas esse pouco já era o suficiente para uma vida feliz. Sim, uma vida feliz. A pobre família de Severina era muito feliz, aqueles corpos calejados guardavam um coração feliz, uma alma simples, mas rica. Rica em amor, em carinho, em compaixão, solidariedade, felicidade, paz. A pobre família de Severina tinha aquilo que faltava à rica família de Joaquim. Esta última era rica em ouro, mas pobre em amor, em companheirismo, solidariedade e todo o resto do qual Severina e sua família eram ricos.
Dias passaram, semanas, meses, anos passaram e aquela vontade de se ver, de escapar do mundo real que os massacrava dominava Severina, assim como a Joaquim. Cada encontro era mais belo, como se as flores, plantas e animais daquele mágico reino que pertencia apenas aos dois se dedicassem para oferecer o melhor de si àqueles reis daquele reino mágico. Até o sol parecia brilhar mais e o céu ficar mais azul. Como se o mundo todo quisesse contemplar aquele lindo encontro.
Joaquim e Severina conversavam muito, sobre tudo. Estavam sempre aprendendo um com o outro, entrelaçavam teorias científicas que Joaquim conhecia e experiência da vida que Severina tinha, assim iam tecendo aquela teia infinita de saber. Joaquim apresentou à jovem Severina o maravilhoso mundo dos livros, e esta, logo se tornou uma exímia leitora, desenvolveu o vício que o jovem Joaquim satisfazia sempre que podia pegar um livro da biblioteca da escola ou da escola e emprestá-lo à menina.
Se por terem crescidos juntos ou simplesmente porque já estava certo que seria assim antes mesmo deles nascer ninguém nunca saberá, mas o fato é que os meninos se completavam como uma só pessoa em dois corpos. O tempo ganho (ou perdido, como preferir) olhando para o céu juntos, ou ainda correndo por entre a natureza viva como antigamente, escorria cada vez mais rápido pelos dedos dos jovens. Era uma dor enorme abandonar aquele mundo mágico que criaram juntos para voltar ao mundo real. Bom mesmo seria ficar ali eternamente, era o que sempre diziam.
Até o dia que um trabalhador da fazenda passou pelo jardim a caminho dos seus afazeres e viu lá duas pessoas. Os jovens, distraídos, imersos na fantasia do seu reino não viram o homem que os espiava. Pensamentos maldosos passavam pela mente daquele homem. Não o julguem, é difícil para alguém que foi obrigado a perder a inocência tão cedo, que não teve infância, que só conhece a vida do panorama de trabalhador explorado olhar e reconhecer, entender toda aquela inocência do amor de Severina e Joaquim.
O homem, esperando alguma gratificação que sua família tanto precisava foi até seu patrão. Perguntou-lhe se este sabia que seu filho estava caindo nos encantos da filha do empregado. Contou-lhe o que viu: dois meninos deitados na grama, quase caindo na tentação da paixão inconsequente da juventude. Mesmo que não fosse isso que estivesse acontecendo quando o homem passou, foi isto que ele viu. O patrão, bravo por saber que a filha de um mero empregado estava tentando seduzir seu filho foi tirar satisfações com Joaquim. Afinal, com seu filho isso não podia acontecer! Não, com ele não! Ele iria para capital, ia se formar, conhecer uma jovem rica e casar-se. Não podia perder seu tempo com sertanejas ignorantes.
O pai de Joaquim proibiu-o de ver novamente Severina. Ao saber disso, foi como se o peito do jovem rasgasse em mil pedaços, lágrimas brotavam de seus olhos como se um oceano todo estivesse disposto a sair dali. É tanta dor. Dor que só quem já teve pode entender. Colocam uma enorme rocha no portal que conduzia Joaquim ao mundo mágico, ao seu verdadeiro mundo. E como chorava aquele menino! E como doía aquele jovem peito!
Severina também foi - brutalmente - avisada que não poderia mais se aproximar da casa do senhor da fazenda, seu espaço estava restrito à porteira, no máximo. Enclausurada, presa em um chiqueiro como os outros bichos da fazenda, esse seria o destino de Severina? Privada do seu mundo, privada do seu amor.
Disseram que isso era surreal, não podia acontecer. Amor assim não existia, era tudo invenção da juventude. Eles eram de mundos diferentes, não podiam manter nenhuma relação próxima. Mas que mundo meu Deus! O mundo é um só! Aliás, pensando bem, eles eram de mundos diferentes. Diferente daquele que o resto das pessoas vive, eles eram de um mundo só deles, 'O Mundo do Jardim'.
Severina e Joaquim imersos agora no mar da solidão. Os dias voltaram à sua habitual descoloração. Mesmo que o tempo passasse e a vida não os castigasse, era ruim. Tudo era tão simplório, normal. Faltava magia, faltava a cor dos olhos de um na vida do outro.
Mas espere, para bons sonhadores a magia do sonho nunca acaba.
Severina preparava-se para dormir em mais uma exaustiva sexta feira de trabalho. Acomodada no colchão com mais suas irmãs ela não conseguir fechar os olhos, mesmo tão cansada. Joaquim continuava na sua mente. Por quê? Por que duas pessoas devem ser separadas e classificadas quanto ao seu dinheiro? A vida é mais que isso. Pessoas são mais que números. O mundo é mais que várias classes sociais.
Até que ela ouviu um 'psiu' do lado de fora da sua janela. Deve ser um bicho, pensou. Nada disso, o bicho tinha nome e era um que ela conhecia bem. Joaquim fazia 'psiu' várias e incessantes vezes do lado de fora da casa de Severina. Ele não podia aguentar aquele aperto todo no peito, tinha que ir ver sua rainha, e foi. Afinal, rei e rainha de um mundo mágico sempre governam melhor juntos.
Severina finalmente olhou pela janela, e quando se deparou com aquele rostinho com medo e animado ao mesmo tempo, seus olhos encheram-se de lágrimas, tão feliz estava a menina, todo cansaço havia se dissipado. Feliz como quando chegou ao Jardim pela primeira vez. O menino, por sua vez, sorriu um sorriso tão grande que cabia o mundo todo, os mundos, o dele o de Severina, juntos. O mundo que eles criaram. O sorriso de Joaquim tinha o brilho de mil sóis e lembrava muito aquele primeiro que deu à Severina.
Ela saiu de casa, eles se encontraram. Correram pros braços um do outro como corriam em busca da felicidade quando crianças. Correram em busca do amor, da felicidade de um que repousava tranquilamente nos braços do outro. Deram num abraço tão apertado quando o coração deles e respiraram enfim aliviados o ar preso no pulmão todo esse tempo de afastamento. Afastaram um pouco os rostos dos ombros um do outro, não ousavam soltarem-se, não depois de tudo. Olharam se nos olhos, mergulharam, penetraram a alma um do outro, se encontraram. Uniram-se pelos olhares. Misturaram-se, tornaram-se apenas um por meio dos olhares. Os sorridentes lábios de Joaquim se aproximaram dos rosados lábios de Severina. Levemente, se tocaram. E um olhar. E o leve toque dos lábios. E mais um olhar. Enfim, o toque completo dos lábios. Portas das almas, eles se tocaram. Durante algum tempo os meninos repartiram o mesmo hálito, sobreviveram, respiração no mesmo compasso. Uniram suas almas já laçadas. E um abraço. E mais um beijo. E um carinho. E palavras doces. E felicidade demais para poder distinguir se era real ou um sonho.
Ficaram juntos como antes até o amanhecer. Viram o espetáculo do sol juntos. Aproveitaram ao máximo o tempo que tinham, até que era hora de despedir-se. Eles precisavam voltar ao mundo das outras pessoas. Agora, a dor da incerteza de um novo encontro corroía-os. O amor que crescia. O coração que só descansava perto do coração do outro.
Mas Severina e Joaquim eram corajosos. Como verdadeiras majestades eles resolveram que continuariam a verem-se. Que não importava que naquele tal mundo ‘normal’ eles eram de mundos diferentes. Pois na verdade eles pertenciam a outro mundo, um bem melhor. O mundo do Jardim. O mundo do Amor. Amor verdadeiro. Amor que mistura todos os tipos de amor, derivado do Amor primeiro, do Amor do Pai. Pois era aquilo que um era na vida do outro, a certeza de que Deus existe. Que o Amor vence tudo. Pode tudo. é tudo.
E hoje, a relva que brotou naquele sertão é a relva do mundo deles. A cor daquele sertão é a cor do amor deles. E todos os dias dois mundos fundem-se em um só. Todos os dias Severina e Joaquim encontram-se. A porteira continua lá, a divisão social também. Mas agora isso não é mais barreira, porque Severina e Joaquim fazem o amor nascer e vencer todos os dias, como a mais bela flor que insiste em nascer em pleno sertão.

domingo, 14 de agosto de 2011

Meu bichinho de estimação

Tem horas que é inevitável se perguntar se as amizades têm prazo de validade. É ruim depois saber que não dá pra saber bem se elas tâm ou não. Pois se elas têm, queria eu que não tivessem!
Fui arrancada do meu berço, do meu lugar. Jogada num mundo novo e tive que me adaptar. Seguir a vida longe da minha vida, não é fácil. Cada mágoa aqui só me lembra o quanto era feliz lá. Todo o amor que tinha, tudo que tinha inda por fazer...
Mas quando a vida move-se ela não espera que você termine os afazeres que planejou. Ela te leva ainda com o pó a ser tirado dos móveis, o pratos a serem limpos e a porta a ser trancada. Ela te leva e só te resta ir, sem contradizer.
Pior ainda é quando você vê sua vida antiga seguindo sem você. Sua saudade aumenta e a vontade de estar lá, felicitando a vitória dos amigos, ajudando nas labutas cotidianas, ou apenas vivendo normalmente é tão grande que chega a faltar o ar. Tento não me entregar, viver aqui pensando o mínino que consigo no passado. É duro, mas é preciso. Se Deus quis assim, só posso confiar nEle e seguir. E assim eu vou.
Mesmo assim, ainda é difícil viver com aquele bichinho que mordisca meu peito de quanto em quanto. Aquele bichinho que nomeei de Saudade. Ele mordisca, me machuca, mas também brinca, me faz rir, chorar. Mas Saudade na verdade só me faz amar. Amar um passado que luto para deixar presente. Amar a esperança de um futuro juntos. Me amar por saber quanto amor do mundo me é destinado por aqueles que, agora, encontram-se longe.
Saudade se faz presente à cada foto que saiu tremida porque o riso não pôde ser contido. À cada lembrança, cada sombra do que antes enchia meus dias.
Saudade é ser visitada em sonhos, na alma, quando o corpo não se pode fazer presente. Saudade é um amor tão grande, tão grande, mas tão grande que só quem tem uma Saudade como a minha sabe ter.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Sábias palavras de Saramago

"Pergunto-me como é possível ver a injustiça, a miséria e a dor sem sentir a obrigação moral de mudar o que se vê. Quando olhamos à nossa volta, vemos que as coisas não funcionam bem: quantias exorbitantes são gastas para mandar um equipamento para fazer exploração em Marte enquanto centenas de milhares de pessoas não têm o que comer. Por causa de uma espécie de automatismo verbal e mental, falamos em democracia, quando, na verdade, não nos resta gestos repetidos mecanicamente. Os homens, e os intelectuais como cidadãos , temos a obrigação de abrir or olhos"

"José Saramago: Crítica de La Razón Impura". Clarín, Buenos Aires, 12 de abril de 2004 [entrevista a Flavia Costa]
                                       

Texto retirado do livro: "As palavras de Saramago", página 353

domingo, 26 de junho de 2011

Vida

           "Nós, seres vivos, temos pela frente um circuito: nascer, crescer e morrer. Nesse circuito existem obstáculos, buracos, e ruas da felicidade feita de tijolos dourados. Precisamos de ajuda, de ter em quem confiar, no que ter fé, num ponto de apoio. E é aí que entram os sentimentos. Alguns deles vem pra nos deixar tristes, outros alegres, outros pra nos erguer e sustentar. Acredito que tudo na vida é para um bem superior, então por isso, se choro hoje, é pra amanhar descobrir consolo em um ser que não imaginava. A vida é sempre cheia de curvas, nas quais você não consegue ver o quer está ao final, se é a felicidade plena ou mais um desafio.
           Devemos enfrentar com todas as forças, mesmo que a correnteza seja forte, mesmo que os ventos soprem contra, é disso que a vida é feita. O amor é o pai dos sentimentos, pai da vida. Nele nós encontramos apoio e forças pra derrotar o que nos impede de seguir nosso destino e realizar nossos sonhos. É o amor que nos faz ter fé em um ser superior, que criou tudo, que é o Senhor e Salvador. A quem devemos respeito e temos esperança. É o amor que agita nosso espírito, que nos faz ajudar, e ter amor ao próximo. É o amor que nos completa, que nos faz encontrar nossa metade do ser. Nos une em laços fraternais ou de amizade. É esse sentimento que aproxima o mundo, o deserto dos pólos. E é isso, a vida, o mundo, os choros, as risadas, cada abraço, cada briga, é tudo isso que me faz acordar todos os dias, agradecer e desejar que minha vida seja vivida assim, intensamente, mas sem pulos de bang-jump, sem montanhas pra escalar, apenas com sorrisos, abraços, choros e discussões, pois é disso que eu me alimento. Com isso que eu construo minha história, é disso que ela precisa; de seres, de pessoas, e de ser regada com muito amor. Viva aos dias, viva as noites, viva a cada amanhecer e cada abrir de olhos, cada bocejo, cada gargalhado com as amigas, cada beijo, cada vergonha, cada situação bizarra, cada segundo, cada minuto. Viva à vida, viva a cada criança que chega a terra, viva a todos os dias que acordamos e estamos vivos!

Eu só quero um amor, uma vida, e pessoas em quer confiar e amar!"


Esse é um texto que escrevi à alguns anos e acabei de achar aqui, nos meus antigos arquivos de computador. Quis postar por pura saudade, acho. Essa era eu à alguns anos atrás, e, se alguém ler esse pequeno texto, acabou de conhecer um poquinho dela. Um pouco do que fui e pensei.

domingo, 12 de junho de 2011

Um arrepio enquanto olho o céu. Veio um vento frio do aceano e entrou aqui na minha janela. Ele trouxe um sentimento estranho, sabe aquele sentimento tão íntimo que nem você consegue desvendar, só sentir? É esse o que habita em mim agora. Estou sem palavras e sem reações. Só quero parar e sentir. Quem sabe um dia eu me desvende, então ai vou poder me mostrar para você.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O adeus de Anna

Anna encontra-se na porta de casa, com uma mão na maçaneta e a outra segurando uma caixa. Ela dá um último olhar naquele que foi seu lar por tanto tempo. Um pé dentro, um pé fora. Na caixa estão suas lembranças, alguns de seus livros, suas fotos, um pouco dela e a saudade.
É estranho olhar para as paredes e reconhecer  ali um poquinho de você. Ver os espaços vazios onde antes estavam as cadeiras, o sofá, a mesa, a cama e também enxergar ali várias cenas, risos, choros, abraços, amizades, amores ou apenas noites tediosas dela com ela mesma e seus livros. Anna vê em câmera lenta retalhos da sua vida passando por seus olhos. Uma mescla de real e surreal sempre ronda uma despedida, seja da casa, da família, dos amigos ou amores. Afinal, uma parte da sua vida fica ali quando você se vai, então as lembranças colorem o branco das paredes e selam os abraços e beijos da despedida.
O adeus é difícil e requer força. Além disso sabedoria para discernir quando é hora de partir. É preciso ver bem para diferenciar apenas uma crise do real fim.
Uma última olhada, um sorriso e um clic da fechadura. Anna fecha a porta e desce as escadas, chega até o portão e olha mais uma vez o prédio como um todo, admira quatro anos da sua vida materializados em tijolos. Sorri mais uma vez, "foram bons anos, afinal" pensa. Anna vira-se e vai embora. Mais um fim se foi, agora é a hora de mais um início.

domingo, 15 de maio de 2011

Soneto

Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minhalma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos denste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada

Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do Sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que  não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te  até nas coisas mais pequenas.
Por toda a minha vida. E, assim Deus o quiser,
Ainda mais te amarei depois da morte.

                                                Elizabeth  Barret (Sonnets from the Portuguese) (tradução Manoel Bandeira).

domingo, 8 de maio de 2011

Brilha onde estiver

No começo é difícil, eu sei, mas um dia o começo acaba. Tudo passa, e essa dor que você esta sentindo ai passar também, não tema minha amiga. Vai chegar o dia em que o arco-íris vai surgir, sabe, vai ter um dia que voc~e subirá na pedra mais alta e lá virá o maravilhoso mundo que existe e como tudo é belo. Lá você vai abrir seus braços e sentir o vento. O mundo te verá, verá suas cores, como és bela. Tudo ficará bem. Você é forte! Você pode brilhar.
o dia da Pedra, você vai gritar ao mundo, e ele te ouvirá. Agora você é parte do mundo.
Brilhe, meu bem. Irradie tudo que há de bom em ti. Seja você mesma, esse é o melhor jeito de encarar tudo. Você não precisa mudar pra ser aceita. Nem melhor, nem pior, você.

sábado, 7 de maio de 2011

Vento Ventania


Se deixe levar, deixe o vento levar e levantar seu cabelo cacheado... Deixe que ele bata no seu rosto e te faça sorrir, mesmo involuntariamente. Deixe o vento abrir suas as asas e te levar, voando, pra longe, pra um mundo de alegria e paz e amor.
O vento tem poderes medicinais. Ele cura, liberta. Ele é um presente do Nosso Senhor.  O vento vem com força e leva... Leva o que tem que levar, o que machuca, o que complica, o que magoa.
Leva vento! Vendo abençoado! Vento que abençoa! Leva o que enche minha cabeça, desfaz os nós da minha mente e faz nós no meu cabelo. Faz nós juntos. Nós quem? Não sei, só nós. Nós que fazem bem. 
O vento veio. Minhas asas abriram. Meu sorriso abriu. Meu olho fechou. Eu fui. Voei e voei mais. Fui parar longe, em uma ilha. Esta não estava deserta, estava cheia. Cheia de sonhos, de felicidades, de pessoas, de amor, de paz.
O vento me trouxe para o meu verdadeiro mundo e levou o que não é dele. Ficou tudo em paz, finalmente, somente com o vento que beijou meu rosto.

Talvez não faça sentido, e não é pra fazer. Felicidade não tem nexo e nem deveria ter. A felicidade que o vento me proporciona é minha, e pode ser sua também, só basta não tentar entendê-la.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Seleção natural

Esse título me vem um amigo com quem conversei um dia sobre a sociedade. Escutando as músicas do teatro mágico, uma ideia de texto veio, bom e o tema das conversas também.

Essa sociedade na qual vivemos, tão evoluída, tão inteligente, feita de homens que venceram a história, sobreviveram e agora escrevem e contam sua história. Não é incrível como sempre ouvimos só a história dos vencedores? O que o mundo ouvirá daqui a 20 anos? Como a história da nossa sociedade será contada?
Olho ou me redor e percebo que o mundo no qual vivemos não se difere muito daquele em que nosso ancestrais, os primatas viviam. O mundo gira, mas nem tudo muda. A situação por exemplo, diga-me se não é a mesma? O globo que mudou até aniquilar os Australopithecus, agora exibe uma sociedade que vai mudar até aniquilar uma parcela do povo que vive à margem da evolução, pessoas que a globalização exilou no próprio planeta.
Poetas, orfãos, pobres, idosos, ambientalistas, índios, conservadores... Esses são alguns exemplos, dentre tantos outros, de pessoas que sofrem. Pessoa rejeitada, cuspida pra fora do grupinho ciumento, recluso, fechado e antipático que é o desse meio técnico científico informacional.
As fronteiras do mundo sumiram, agora só existe uma. Esta não separa mais um território do outro, pois voltamos à Pangéia. Esta fronteira separa os que vivem no mundo virtual e aqueles que vivem à margem deste.
Pois bem, sociedade! Esta mais que na hora dos seus olhos abrirem e verem aqueles para qual o seu sol não brilha! Pare de mutilar seu corpo apenas por não gostar da aparêcia dele. Esse povo são seus braços e pernas! São seu coração também! Eles te sustentam, trabalham para te satisfazer. Então integre-os a si mesmo. Assuma seu povo e lute por ele. Não deixe que eles morram e nada reste além de fósseis.

sábado, 9 de abril de 2011

sem título.

Um caminho conturbado esse que precorro agora. Em um dado momento é suave, calmo, claro e feliz. Em outro momento já é obscuro, amedrontador. Esse é o meu caminho, é o que percorro só. Minha vida. Ou melhor, minha mente. Afinal, minha mente não é totalmente minha e sabe-se lá de quem é. Ela é de todos com quem cruzei olhares, ou só cruzei na rua. Ela é um labirinto em formação, em constante expansão. Me dá medo essas tal imaginação. Esse subconsciente me preocupa tanto. Talvez o termo certo seja "eu sou dela", pois controlá-la é como tentar agarrar entre os dedos o vento ou mesmo um pedaço de nuvem.
Por isso a confusão, meu caminho vai se mutando como achar melhor, eu apenas vou me adaptando, e se aquela árvore bonita que me serviu de cenário por tanto tempo decide ir, eu só posso deixá-la partir. Eu vou me adaptando a mim mesma até que não haja mais uma eu.
Meu caminho nesse momento está nublado, diria que em plena mudança. Talvez um retorno à um cenário que quase abandonei e pretendo voltar. Eu continuo andando, tentando enxergar através da neblina, querendo adiantar um pouco a surpresa que estar por vir, mas ela sabe esconder segredos bem, essa minha mente. Ela gosta de mistérios. Será que gosta mesmo? Da minha mente esta quase se desprendendo um heteronômio....
Bem, isso não importa no momento. Uma Janari a mais, uma a menos.. O que importa é que eu (a quantidade de eus é o de menos ) vou seguindo, lembrando as árvores de amizade que ví ainda a pouco, ali atrás, os bancos no qual sentei e parei um pouco pra refletir, o nos quais sentei e partilhei a vida com os ramos de algumas árvores.. Enquanto um novo cenário surge isso é o que me resta.
Um resto até bom pra falar a verdade. Lembrar das conversas com as outras Janaris e Grazielles pelo caminho foi bom. As árvores genealógicas que me deram sombra quando o sol pedia um briga foram inesquecíveis, ou pelo menos não deveriam ser. Correr, andar, pular, sentar, tudo foi maravilhoso no meu caminho. Não posso esquecer quando reconhecí aquele ser maravilhoso que me ajudou sempre no caminho, e quando decidí inserir o Caminho d'Ele no meu. Essa foi a melhor parte. Cabe a minha mente mantê-lo sempre onde coloquei naquela data. Mas com fé no meu Senhor do Caminho, e no seu Santo Filho ele ficará e eu caminharei para todo o sempre n'Ele, no seu bendito Caminho.
Como visto, meu caminho foi feliz, um pouco triste às vezes, mas nada que ele mesmo não trata-se de superar. Meu caminho não foi rodeado de turminhas legais, mas foi rodeado de pessoas bem legais, amigos meus dos quais nem sou amiga, mas o que importa é que são amigos meus. Meu caminho foi cheio de dúvidas, livros, reflexões, filmes, conversas entre eu e eu mesmo e tudo o mais que tem direito. Meu caminho mutável, às vezes dramático, sensacionalista, carente e amado, principalmente este último item. Meu caminho foi tudo, é tudo e será tudo. Até que acabe-se de vez o o eu e viva somente Ele. Meu caminho vai ter fim num lindo Jardim, onde Ele e Seu Filho me esperam, para todo o sempre.