Olá

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terça-feira, 27 de março de 2012

Eu sei que vou te amar

"Eu sei que vou te amar... Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar... Desesperadamente, eu sei que vou te amar. E cada verso meu será...Prá te dizer que eu sei que vou te amar... Por toda minha vida. Eu sei que vou chorar. A cada ausência tua eu vou chorar, mas cada volta tua há de apagar o que esta ausência tua me causou... Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver a espera de viver ao lado teu... Por toda a minha vida..."  Cantava Elis na velha vitrola da sala de estar. Eu bebia atentamente cada palavra junto com meu whisky. Derramava-me em lágrimas que os olhos já estavam cansados de expulsar... Nas noites exaltadas, cuspia meus sentimentalismo barato em cartas desbotas as quais nunca enchi-me de coragem suficientemente para enviar. Rasgava minhas carnes para desviar a dor do peito dilacerado por uma dama à qual não pude deixar de amar... A qual não pude nunca ter...
Por que fizeste isso comigo? Por quê? Como ousa, ò impiedosa criatura, lançar assim teu feitiço sobre nós, pobres mortais que nunca poderemos te ter! Como ousas! Por que me iludis-te tanto se não podia entregar-se a mim?
Mal sabes o que fazes. Não sabes o mal que fazes.
Poderia ter-lhe assassinado uma centenas de vezes, se não fosse a beleza de teus olhos. Poderia ter morrido algumas luas atrás, mas o medo de não ver-te mais é superior ao alívio da companheira e amiga morte.
Morrer de uma vez por todas seria o único alívio de meu coração inquieto. Mas morrer por definitivo significa apartar-se de vez de ti... Oh, minha amada, se pudéssemos ser como os afortunados Romeu e Julieta e partir deste mundo juntos... A dádiva de morrer é um privilégio ao qual não sou digno. Meu coração sofre de tanta dependência sem você não é capaz nem de morrer.
Mas vou assim, matando-me aos poucos, engolindo venenos lícitos para enganar meu coração e um dia conseguir morrer de vez.
Trago o cigarro como quem traga tua alma para mais perto da minha. 
Trago o cigarro... Trago a lembrança... Trago o cigarro... Trago minhas dores e venenos. 
Como amo-te! Vivo pela esperança de ver-te mais uma vez. Tua pálida pele refletindo os beijos do sol... Teu semblante tão puro... Não sou digno nem ao menos de tocá-la, bela flor! 
Mas se não posso tocar-te, posso admirar-te e isso agrada-me fazê-lo. Por isso, passo os dias a vagar. Invento desculpas e propósitos que de nada valem, apenas levar-me às ruas próximas à sua. Passo em frente a tua casa e vejo que estás debruçada na janela, os longos cabelos negros esvoaçantes como a minha alma no deleite da tua visão.
De repente, tu lanças um olhar em minha direção, eu, tolo, desvio o olhar, não consigo sustentá-lo diante de tão bela criatura. Começo a andar, distraído ainda sob o efeito do susto que me pregasse, derrubo o que trago em mãos. Olho-te novamente, estás a sorrir. Oh, que divino sorriso! Seus alvíssimos dentes mastigam meu juízo, fico louco... sou um louco....
Como posso esquecer aquele dia, minha bela?  Olhaste-me com tão inigualável doçura que tenho até medo de sujar-te os olhos com minha impureza mundana.
És tão linda, flor, tão linda...
Agora meus dias são a eterna anseia de viver ao lado teu, como já diz a música. Dias, horas, meses, anos. Isso tudo é tão pouco perto da eternidade ao te lado que não meço esforços, não penso duas vezes antes de desperdiçá-los a admirar-te.
Espero mais essa madrugada  me consumir até o último trago do cigarro. Pela manhã é hora te ver mais uma vez, na faixada da tua casa espero pelo leu sorriso que venha iluminar meu dia, e o vento que traga para mim teu perfume doce...
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Já surgiram os primeiros raios de luz. Visto camisa e calça, luvas e meias. Calço sapatos, pego meu chapéu. É hora de ti, amor meu! É hora! Corro ruas, quadras e quarteirões. Pego conduções e decoro códigos de conduta que de nada me adiantam se não em dizem como me comportar perto de ti. Se espantando, bobo, nada faço além de permitir que o reflexo do meu peito estampe meus lábios em sorrisos e suspiros de amor pleno.
É agora, é agora! Cheguei mais uma vez à morada do meu coração. Minha'alma é consumida, mastigada em cada lento segundo que antecede tua chegada.
Oh! Oh! O que vejo? Como é belo, como é belo! São teus negros e encaracolados cabelos que anunciam tua chegada, como o presságio de um dia bom.
Teu corpo alvo e belo anuncia-se então. O sorriso de hoje é maior, o que houve, anjo? 
Não posso crer! Não posso! Faz-me com as mãos sinal para que espere, vira-se de costas e posso ver-te sumir cômodo adentro.
Alguns poucos minutos depois vejo-te ressurgir, dessa vez tão mais próxima. Posso ver os suaves contornos do teu corpo, que parece vir até mim embalado pela brisa marinha que sopra no momento.
Aproxima-se, temerosa. Sinto que meu peito vai explodir de tantas palpitações! Tu paras um momento, defronte a mim. Fita-me os olhos e sussurra uma melodia que diz "esperei por ti..." 
NÃO POSSO CRER! Então minha flor me ama também? O MUNDO ERA BELO NOVAMENTE! A cor invadia-me os olhos e o calor abraçava minha alma em deleite.
Ainda com certo temor de jovem pura demais, ergue a mão ao meu rosto. Toca-me. Toca-me mais que a pele, tuas mãos adentram até a camada mais interna de meu ser. Elas vão descendo, descendo, encostam em meu peito. Fecho os olhos para sentir-te melhor. Nenhuma palavra ousa sair de nossos lábios e quebrar tão precioso silêncio, nossas almas falam por nós.
Tuas mãos descem mais, encontram-se com as minhas. Tocam-se, entrelaçam-se, fecham-se....Completam-se. Não é incrível como elas se encaixam? Parecem que foram feitas uma para a outra, como se estivessem estado assim por toda eternidade e assim devessem ficar para o resto do "para sempre".
Segundos, minutos, horas ou dias passaram-se assim. Nós dois parados na frente um do outro, numa silenciosa conversa de alma para alma, alguns doces sussurros que o vento logo tratou de levar, pois nada diziam diante da infinidade de sentimentos que nos entorpeciam.
Finalmente algo forçou-me a abrir de vez os olhos e despertar de meu deleite. Tinhas que partir. "Não, anjo, ainda não..."
Mas é preciso, você disse. Antes de ir, mais algumas doces melodias.
"Bons ventos para nós...." Sorriu-me e beijou-me com os beijos mais doces de tua boca. Teus macios lábios eram para mim agora um vício, ao qual recorreria memórias em todos os minutos seguintes.
Teu hálito suave depositava em mim o fôlego necessário para viver. Nada existia comparado como teus beijos. 
Tua respiração junta a minha, compartilhando do mesmo ar, mesmo hálito. Por um momento sobrevivemos juntos, um no compasso do outro. Um sendo a fonte de vida do outro.
Pena que teve fim. Pena que os beijos não são eternos. Como diria Saramago, ouso dizer: Os beijos são destino melhor que as palavras.
Foi-se então embora, amor meu. Dou-te este título sem o menor pesar, pois sei que mesmo se o o deste, ele já é teu. Todo meu amor é teu, cada gotícula dele.
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Dias e dias passaram-se assim. Visitava o amor mais regularmente do que fazia minhas refeições. O amor enchia-me de um gozo novo, uma paixão nunca antes conhecida por esse sujo ser, que envolvia-me a alma que bailava junto a ti no salão de nossas vida uma música sem fim.
Porém havia algo de errado com meu anjo. O corpo esguio e magro estava agora mais esquelético, a pele já alvíssima amofinava-se, empalidecendo cada vez mais.
Meu amor parecia estar definhando, a cada novo encontro mais morta. A cada novo encontro mais partes de mim iam sendo bombardeadas
Até o dia que meu amor não veio ao meu encontro. Porém, da janela, fez-me um aceno para que entrasse.
Eu subi, temeroso, ansioso. Com mais medo que coragem.
Ela repousa seu aspectos demasiado frágil em seu amoroso e delicado leito. Ainda que a vida fosse-lhe  escorrendo vagarosamente por entre os dedos, sorria-me com ternura, como quem pede desculpas por partir ainda tão cedo.
Aproximei-me e ela disse com dificuldade " é hora, meu bem. É hora de ir". Essas palavras bastaram para abir a represa que eram meus olhos, lágrimas brotavam como se fossem infinitas. Eu chorava como uma criança inconsolável. Pousei a cabeça entre seus seios e chorei mais e mais.
Minha ama, minha alma, não me deixe... Não me deixe pois sem ti nada passo de poeira estelar...
Ai ocorreu-me a brilhante ideia! Disse-lhe 'espere-me' e sai correndo feito um louco desembestado com sede de amor.
Voltei algum tempo depois, cansado, porém feliz. Trazia no bolso um par de alianças, novas como nossos corações.
A princípio minha bela flor não entendeu muito bem, mas aos poucos foi aliviando-se, sorrindo e dizendo-me mil vezes 'amo-te, amo-te, amo-te...'
Ajoelhe-me frente à minha dama, que com esforço e felicidade, sentou-se. Estendeu-me as mãos. Escolhi a esquerda e pus, com meus gestos trêmulos, a aliança em seu dedo anelar. Nesse momento não me socorriam palavras majestosas suficientemente para ocasião. Usei de todos os meus esforços, mas nada consegui sussurrar além de 'Amo-te'. 
E o que mais poderia dizer? Amor é só o que sinto e sinto por inteiro. Dizer-lhe isto é o mesmo que dizer-lhe 'sou seu', além disso, é dedicar-lhe minha vida, meu respirar e dizer-te 'cuido de ti, não preocupe-se'. Dizer que amo-te é o máximo que posso fazer. É dizer que a partir deste momento tua vida é minha, minha vida é tua. Somos um só e nada é capaz de separar-nos. Pois o que Deus planta no fértil solo do coração dos homens não pode ser arrancado com machado ou levado por chuvas de verão.
Minh'alma sorria-me dentro daquele pequenino corpo de mulher. É como se já estivéssemos estado juntos, antes de virmos à este mundo. Uma só alma dividida em dois corpos, que agora uniam-se... Uniam-se as mãos e os lábios. Juntavam corpo e alma, amor e paixão. Você e eu.
Passamos horas vivendo do amor que lotava nossos peitos. Eram as últimas horas de vida de meu amor.
Lembro de sua caridosa mão que consolava-me enquanto derramava meus prantos pela cama. Tentava me acalmar, mas era impossível... Como se pode viver sem você? Pode alguém viver sem alimento? Tu és o alimento de minha alma, flor!
Quando a brisa noturna anunciou-se pela janela, percebi que a hora estava chegando. Deitado ao lado de minha dama, não pude deixar de derramar mais algumas poucas lágrimas, que ela enxugou com os finos dedos de boneca e com infindável ternura e paciência recitou-me mais uma vez os versos de Elizabeth Barret, que encerravam-se com "Amo-te  até nas coisas mais pequenas; Por toda a minha vida. E, assim Deus o quiser, ainda mais te amarei depois da morte."
Não pude deixar de sorrir. Baixei os olhos e abracei-a com enorme vontade de nunca mais soltá-la; Ah, se pudéssemos escolher a eternidade! Ela ainda seria pouco para o tempo daquele abraço.
Adentramos a noite e com o tempo o abraço do meu amor ia ficando mais fraco, seu corpo mais frio... Até que por fim sua respiração silenciou. Sua vida teve fim assim, nós dois, juntos, contando os segundos finais e esperando pela paz do outro lado.
Por que tivestes que ir? Por que tivemos que nos conhecer tão tarde?
Sem você nada existe, os dias são tristes...
Vago pelas mesmas ruas, observo as mesmas flores, bebo o mesmo whisky. Ainda escuto Elis.
Mas agora não existe mais válvula que me faça despertar. Não existe mais a remota chance de te evr sorridente a embalar minha vida da janela.
Acordo, tomo uma dose, escuto meu vinis, vago pelas ruas a tua procura. Não te acho. Volto pra casa, choro as lágrimas que ainda me restam. Bebo mais uma dose e vou dormir.
Assim espero ir me matando, lentamente, dia após dia. Na espera de poder, um dia, ver teus brilhantes olhos novamente.
Os dias são tristes... Os dias são tristes...





sábado, 24 de março de 2012

Espero novos ventos soprarem em minha direção. Que levem de vez restos que pesam, e façam girar o moinho no meu peito.
Espero novos rumos e novas histórias. Anseio por mudanças

quinta-feira, 8 de março de 2012

Boa noite

Boa noite, como vão vocês?
Eu vou muito bem, obrigada. Aqui está tocando uma poesia, leve e vagarosamente... Enquanto isso, estou debruçada na janela, sentindo o doce vento acariciar-me o rosto.
A lua também está linda, como sempre. Vez por outra uma nuvem vem e cobre-lhe a beleza por alguns momentos, mas logo ela ressurge, iluminando o céu. Está belíssima! É o balão que alguma criança perdeu enquanto corria alegremente por ai. O balão subiu... subiu...subiu e perdeu cor, ganhou luz e virou a morada de São Jorge, grande desbravador de dragões, Dom Quixote dos céus.
Talvez pelo simples fato de ser, ou pelos meus olhos renovados, vejo o céu em perfeita harmonia. Nuvens, mutáveis, bailando entre astros que dessa vez apenas admiram e abrilhantam o show.
Por aqui, as coisas andam como o céu que vejo. Nunca iguais, mas sempre belas. E mesmo quando tudo parece triste, se buscarmos bem, é possível ver o brilho de um balão que se perdeu e virou astro.
Boa noite.