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quarta-feira, 8 de junho de 2011

O adeus de Anna

Anna encontra-se na porta de casa, com uma mão na maçaneta e a outra segurando uma caixa. Ela dá um último olhar naquele que foi seu lar por tanto tempo. Um pé dentro, um pé fora. Na caixa estão suas lembranças, alguns de seus livros, suas fotos, um pouco dela e a saudade.
É estranho olhar para as paredes e reconhecer  ali um poquinho de você. Ver os espaços vazios onde antes estavam as cadeiras, o sofá, a mesa, a cama e também enxergar ali várias cenas, risos, choros, abraços, amizades, amores ou apenas noites tediosas dela com ela mesma e seus livros. Anna vê em câmera lenta retalhos da sua vida passando por seus olhos. Uma mescla de real e surreal sempre ronda uma despedida, seja da casa, da família, dos amigos ou amores. Afinal, uma parte da sua vida fica ali quando você se vai, então as lembranças colorem o branco das paredes e selam os abraços e beijos da despedida.
O adeus é difícil e requer força. Além disso sabedoria para discernir quando é hora de partir. É preciso ver bem para diferenciar apenas uma crise do real fim.
Uma última olhada, um sorriso e um clic da fechadura. Anna fecha a porta e desce as escadas, chega até o portão e olha mais uma vez o prédio como um todo, admira quatro anos da sua vida materializados em tijolos. Sorri mais uma vez, "foram bons anos, afinal" pensa. Anna vira-se e vai embora. Mais um fim se foi, agora é a hora de mais um início.

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