Eu observo o mundo!
É o que posso dizer a quem me
pergunta
Qual o seu dom?
Eu vejo o verde cada dia mais verde
E o azul cintila de forma quase
mágica
Eu vejo o cinza dos prédios e da fumaça
e da gente
A gente fica cada dia mais cinza
Eu vejo muita dor também
Diria que me especializei em medos,
absorvo todos eles
Luz e escuridão são apenas duas
pontas do mesmo sol
Não são opostos
São complementares
Eu observo o mundo
E de tanto observar eu fico cansada
Tem dias que quero sentir menos
Queria não enxergar desprezo e
arrogância que escapam entre dedos durante o sorriso estruturado
Queria não sentir o peso da soberba
num abraço
Queria não sentir tanta angústia ao
andar na rua
Mas assim eu não veria o verde.
Não sentiria os milênios do mundo ao
mergulhar no mar
Não leria o amor nos olhares
Não seria eu.
Luz e escuridão são dois versos do
mesmo poema
Não se distanciam o suficiente para
serem moedas
Eu sou o que sou, porque sou.
Eu observo o mundo!
E ele também me vê.