Olá

Bem vindo a partes de mim



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Guardo aqui, pequenas relíquias de nós dois...





segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Conversando e dando nós

O tempo tem passado mais rápido do que de costume. Mas talvez costume mesmo seja deixar o tempo passar sozinho, sem a companhia da minha consciência. Paro em alguns fatos, revivo-os ou evito-os, planejo o futuro como quem borda um vestido, sonho, reconto a história e posso até alterá-la. Então, no fim das contas, meu tempo nunca é o tempo certo.
Mas o tempo nada mais é que uma invenção humana. Dias, meses, horas, minutos... Nada disso existe de fato, é apenas mais uma parede de pano que colocamos no mundo, tentando preencher o vazio que o mundo se torna com essa mania de complicar tudo.
Porque tudo ou  nada, é muito simples. Sem um ou sendo o outro, a verdade absoluta é que não existem verdades absolutas salvo a verdade de Deus. Pois tirando-O que é soberano, tudo tem vários lados. Pode parecer confuso o que vou dizer agora, já que pode contradizer o que disse há pouco. Pois quanto o mundo todo é simples, nada é plano como um quadrado, seríamos mais como octógonos.Vários lados, versáteis, mutáveis. Mesmo que pareça, não se trata de contradição. Nada de antítese, o caso é de um paradoxo. Contrários se fundindo em um enunciado, e aqui o enunciado é o tudo do universo todo. É tão simples que é complexo.
Pois que mistério gigantesco se desenrola bem debaixo dos nossos narizes! O mundo e o simples fato de viver já é inebriante demais, não conseguem perceber? Então para quê perder tempo com coelhos e cartolas, mulheres partidas ao meio que se junta novamente, tarô ou signos, se a grande cartola já é o mundo em que vivemos, o sono que nos envolve e, por vezes, nos ganha. O coelho somos nós, esperando para despertar, pular para fora da cartola. E mulheres, bem, todos sabemos que mulheres não só se repartem em uma como em duas, três, quatro, mil... e depois unifica-se novamente. Aliás, não só mulheres, todos nós temos em nós uma população de nós todos. E que nó que dá pensar em tantos nós dando o nó dentro de nós que somos demasiado nós para que nós possamos compreender!
Falando em compreender, quem, além de Deus, que criou tudo, será capaz de compreender o mundo ou a si mesmo? Pois tendo compreendido a si mesmo, qual seria a graça de ser? O toque de mistério que ronda a vida é o que dá-lhe a graça. Pois o saber completo é o que buscamos, mas bem certo sabemos que na verdade, não podemos tê-lo e, mesmo podendo, não o iríamos querer. Bom mesmo é guardar uma pontinha de não saber, de dúvida, só pra poder evoluir, só pra poder deliciar-se. E quem nunca guardou a pontinha do doce pra depois só pela satisfação de tê-lo por mais tempo? Não sei os seus nós, mas as minhas dizem por aqui que sim!
O meu simples mundo de complexidades funde-se num outro mundo bem maior, que sabe-se lá, pode ser apenas a fagulha, ou sombra de outro. Quem sabe, nada passamos de um show de marionetes, ou ainda, meros prisioneiros de uma caverna, admirando sombras, crendo ter o mundo todo.

domingo, 9 de outubro de 2011

Frases da despedida

É o ciclo natural da vida. Não se há o que fazer. Mas mesmo assim, a despedida dói, ainda mais quando está junto com a chegada, já tão demorada.
Hoje, vejo o mesmo ser, os mesmo olhos que me observaram na infância, dar seus últimos passos nesse mundo. Não sei como descrever aqui o que senti. É impossível. Diante dos meus olhos, as pontas da vida, na mesma família, o mais novo e mais velho em fronte um do outro.
Hoje, nosso encontro, talvez o último das nossas vidas. Você, em que me sentei ao colo ainda quando bebê, quem sorriu ao me ver correr na terra e subir em árvores. Quem por vezes vi, concentrado, aguar sua plantas, com amor e carinho de homem da terra. Meu avô. O dono da casa com diversões demais para uma criança, quem me via correr com flores nos cabelos e acompanhou meu crescimento. 
Perdoe-me se não fui a neta mais próxima, se não companhei os últimos passos que conseguiu dar só, ou se não recordo a última vez que me ouviu com facilidade. Se me distanciei ainda mais com o tempo.
Mas é difícil para mim, ver-lo tão debilitado. Mas como me anima seu sorriso em meio à tudo isso. Acho que foi a primeira vez que te vi rir, de uma piada ou só da conversa. Sua risada, embora baixa, me trouxe um riso tão feliz, de esperança, de vida, de amor.
Como de dói, ver quem sorria para mim na infância, não me reconhecer mais. Seu olhar vazio de quem me cumprimenta mas não me conhece me corrói. Mas eu entendo, te abraço e te chamo de vovô, mesmo que não conheça algumas vezes, sei que o senhor está ai dentro, e eu o amo.
Porém, quando me reconhece e me abraça, me sinto tão tranquila, feliz.
Hoje, comparo sua pálidas e magras pernas às minhas, que contraste a vida é. Sua pele agora tem mais rugas, mas mesmo assim, te acho tão bonito. O cabelo alvo, que insiste em não cair, traz a mente o homem que fostes, o preto que se mantém em alguns fios é a marca da juventude que passou.
Seu corpo antes musculoso, agora é magro, mas mesmo assim, pesado demais para as finas pernas. Na paciência com que meu pai te guia e te apoia em seus lentos passos, eu vejo resplandecido o amor inteiro.
Quanta vida cabe em noventa anos?
Sua mãos, com um dedo a menos que o trabalho levou, são grandes e enxugam os olhos avermelhados e molhados depois do nosso abraço. Se o brilho que ali existe vem da velhice ou te tu próprio não faz diferença, mas projeta um amor pueril, uma força da labuta diária, da luta para sobreviver e de cada dia que se põe sem desfalecer o corpo e a alma já se torna uma vitória.
As fotos a minha frente são o passado presente e mais independente do frágil senhor ao meu lado, eu revezo e retorno meus olhares entre os dois homens, o da foto e o real. Em poucos anos, toda a velhice decidiu recair por ti. 
Quando em uma cama de hospital, ou sentado em uma cadeira na sala, gravo sua imagem, para ter certeza que o tempo não te apagará em mim.
Teu sorriso tão bonito, que guardarei para todo o sempre da minha vida.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Bonecos

Ah, a ilusão da vida. Esta longa e tortuosa estrada tem por mania nos confundir, projetar miragens e visões. Nos engana com sua magia de cigana, enfeitiça cada brecha de nós que esquecemos de tapar. Nos invade e aniquila lentamente, interiormente, como o líquido retirado da cicuta.
Ilude tanto que nos faz pensar ser mais do que somos. Um super ego que de nada nos serve, ou soma, ou multiplica. 
Chegamos a pensar, por vezes, sermos melhores, ou maiores que outros. Pois quando na verdade não se sabe, não se deixa saber que somos todos iguais. Bonecos de barro. Modelados pelo mesmo oleiro, que teve cuidado igual, ao esculpir os braços, as pernas, desenhar sorrisos e pupilas. Arrumar os cabelos, pintar as roupas e atribuir a cada qual sua qualidade. Diferente, porém iguais. Como? Apenas sendo. Sendo mais um dos paradoxos universais.
Cada boneco foi moldado com especial atenção. Mas bonecos são inocentes. Inocentes à ponto de se deixarem levar pelas ilusões, truques, joguetes que se encontram pela vida.
Pois nenhum é melhor que o outro. Cada boneco é particular, singular, mas se funde em um contexto. Quem sabe, em uma peça teatral. Bonecos são todos dos mesmo moldes. Há quem diga, 'barro mais claro faz boneco melhor', ou, 'boneco com mais adereço, mais luxo, são os que prestam'. Mas quem irá acordar?
A luz matinal deve despertar, abrir os olhos que cegam a primeira luz mas se permite enxergar por completo da segunda. Portanto, que escancarem-se as janelas da alma, deixem a luz passar. Remendem as fenda nas paredes para que a magia maléfica não te envolva e voltes a dormir. 
Porque bonecos, estes são todos nivelados. O Oleiro é cuidadoso e não deixa que nenhuma das obras seja inferior à outra.
Desperta é vê, que cada boneco tem sua singularidade. Todo boneco tem sua função.
Desperta e vê que tolice é crer que alguém é melhor que alguém.

domingo, 2 de outubro de 2011

O que é, o que há

Memórias que vem e vão, como as ondas incessantes e em dias de ressaca. Não, não me levem, eu imploro. O é, o que há. Nada será como seria. Fatos alteraram-se e, no meio do caminho, o enredo tomou outro rumo. Personagens em adaptação, a história em progresso. O que é, o que há?
O ritmo da vida nunca é vagaroso, até nos dias que se seguem sem demasiados acontecimentos o ritmo da vida segue em desassossegado acelero.
Dúvidas permutam e preenchem minhas noites, tensas fendas que abrem-se nas finas paredes da minha realidade. O que é, o que há. Tudo há ser o que será.
O por que já nem me questiono mais. Como um texto em pleno processo de formação, aqui estou eu. Minhas palavras estão organizando-se, e alguém está escrevendo. Um narrador cá de dentro conta e reconta os fatos. Mas o roteiro, ah, o roteiro... Esse ninguém planeja e, se planeja, longe estou eu de desvendá-lo.
Certeza não me são cabidas e dela fujo por mais que a procure. O por que? Esse não o sei e como já disse, cansei de buscá-lo. Que então, tome-se prumo logo essa minha certa incerteza que me aflige.
Perdoe-me, caro leitor. Já eu nem sei o que escrevo, sou eu saltando para as letras, me esculpindo em palavras. Logo, não poderá dar muito certo.
Pensei em escrever aqui mais um artigo de opinião, ou, quem sabe algum fato cotidiano que me rendesse uma boa crônica. Mas não basta. Há em mim uma inquietude, um questionamento que me mordisca vez por outra, o qual busco atolar em meu ser e evitá-lo. O que não é possível, claramente.
Mas e esse passado que não me deixa. 'Se's que, mesmo agora, quando o livro toma outro rumo, ainda persistem em questionarem. Talvez não por vontade de serem realizados, mas apenas por curiosidade. Mas o que é, o que há, meu bem? Esse página do livro foi apagada, e não há como retornar. Apenas sobraram as marcas do lápis que se quiseram tatuar no no papel. E registraram, o que foi, o que não é mais.