ela parecia o mar
com suas ondas revoltosas
e a poética calmaria
seus olhos cativavam aquela estranha mania
que o mar tem de nos roubar de nós
nos guardar dentro de si
captar toda a atenção
nos tragar para dentro
não se perca por ai
sussurrava
com voz de criatura mística
que vive debaixo da superfície
não se perca por aí
era o barulho que as ondas faziam
se quebrando na praia
me lembrando que só existe um caminho
ela parecia oceano
que de dia encanta
e à noite assusta
por olhar dentro dela
e só ver a imensidão sem fim
a profundeza
no escuro da noite, assusta
ainda assim, o mar exala
não se perca por ai
tudo que é água acha seu caminho para o mar
tudo que deságua acha caminho no teu peito
ela parece o mar.
Eu pareço criança que vai à praia pela primeira vez:
diante da vastidão
esqueço até de ter medo
meu sonho é mergulhar
mesmo sabendo que hora ou outra o mar te cospe de volta
porque nele só faz morada
quem aprende a desbravar