nós podemos parecer o trânsito
a avenida parada
ou, aliás
pareceríamos melhor
se fossemos a avenida vazia
naquelas frias horas da madrugada
em que a cidade ganha ares boêmios
nós seríamos os carros
que quase se esbarram
na contra mão
rápidos, em outras rotas
ou indo a lugar nenhum
eles se cruzam
rompendo o silêncio
da noite
por alguns segundos
(ou seria mais?)
seus faróis se esbarram
no mesmo ponto
de luz
os carros passam
deixam na avenida apenas o barulho
do ar cortado
somos nós atravessando a pista
com a garrafa de vinho na mão
sabendo que em breve seguiremos
na contra-mão
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