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domingo, 10 de julho de 2016

o ir e vir da gente

tem horas que a gente decide se ausentar
decide ir como quem não quer voltar
se ilude que podemos não ser
quem somos

a gente acha que não estando presente
a gente não percebe o estrago
não nota a parede caindo
o reboco corroendo
a gente até consegue fechar os olhos pro mofo que se acumula

quando a gente sai de casa a gente acha que nunca vai voltar
mas ai chega a noite
no frio, a gente retorna quase sem querer
os pés que caçam o chão
buscam o único porto de qual guardam memórias
e lá estamos nós

de novo
fronte a fronte
com nós

assustamos com a aparência
com o cheiro da casa
não é aconchegante
na verdade, nos perguntamos se poderia vivalma respirar ali
e nos lembramos: não pode
mas não tem pra onde correr

e aí começa o trabalho
faxina pesada, sabe?
daquelas que precisa de luva e máscara
choramos, recordamos
descobrimos no entulho
coisas que nunca pensávamos estar lá
damos falta por tantas outras
mas prosseguimos

e nisso, o caminho se abre
esse texto por exemplo,
já á talvez a quinta vez que penso por abandona-lo
agora mesmo que faltou o ar
e prossigo, porque olho pro lado
e só vejo eu
pra chamar mais gente preciso antes habitar o lar

e vou

a faxina pode não acabar hoje
mas limpo a casa
quero um dia receber visitas
mas que não sejam as minhas
pois eu
quero morar

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