Olá

Bem vindo a partes de mim



quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Adrina enche o ambiente com sua voz. Me ajudando a me pedir de volta de tu. Não é fácil, nem um pouco. Difícil te agarrar pra fora do peito que te acolheu tão bem. Abri as janelas, limpei as cortinas. Fiz café. Uma sobremesa, ao final. Te acolhi como quem guarda precioso regalo. Com quem sabe que as imperfeições e imperfeições fazem da pedra a joia. Do Pedro, a joia.
Não é simples te tirar. Como quem fez bom gosto da visita, mas nem por isso pretende morar, você se delonga a sair. Finge que vai e volta. Esquece de propósito um chapéu, as cuecas. As vezes um beijo. Qualquer coisa só pra voltar, tomar um café. Mas nunca ficar. Nunca tirar os sapatos.
Não deixa meu chão tocar teus pés, tem medo. Um medo tão seu que seria covardia minha atribuir culpa a mais alguém. Você o alimenta só. É você que o acoberta e incentiva. Você que o deixa crescer e enraizar no teu corpo. É você que tem medo de ser feliz e de ser mais - tanto que seus inspiradores te dizem o contrário...
E no discurso até fica bonito. Mas quem te conhece sabe. Não é capaz de aceitar amor bem dado.
Ou, simplesmente, não queira este amor. É uma possibilidade também. E das minhas teorias é que a mais me dói, justamente por não dizer nada, ser apenas o ponto fechado em sua própria crueldade. A verdade mais sem sonho que existe.
Todavia, esse texto era pra eu aprender a me despedir. Não o primeiro neste tom e provavelmente não será o último. Mas de vez em vez eu crio mais força e coragem. Te desapegar é difícil, me sinto quase que em remoção cirúrgica. Tudo para ter o cuidado de preservar meu peito ao te arrancar dele.
A obrigação já me chama há horas, e o café que fiz pensando em estudar se consome todo nessa nossa conversa paralela. Paralelas porque eu sei, assim como Belchior devia saber, que você também conversa comigo por aí, sozinho.
Grande parte da dor e do esforço de te deixar ir embora é dos meus sonhos que ainda tem alguma esperança te de fazer gostar da morada. Mas como eu mesma escrevi uns meses atrás "essa danada esperança/Sempre nos deixa esperando/sem avisar que nunca vai chegar". Talvez já seja hora de assumir a lição.
Pedro, que de tanto amor em mim tu só tenha bebido a rasa água daquela cachoeira em Bonito, é uma pena.
Mas acredito que agora eu vá ficando sem opções pra criar ilusões e me enganar. Talvez seja hora de encarar o fático destino. E te deixar ir. Não mais vale te prender aqui...
Seja livre pra seguir seu destino, com muita felicidade e carinho. Que flores nasçam no teu asfalto.
As cenas correm na minha mente. Blusa azul de frida no teu sofá. O melhor abraço já provado, com o encaixe feliz de almas que se abraçam. Vestido vermelho chorando no carro. Amor pela primeira vez dito como tal. Um adeus em frente ao bar. Uma mão no meu seio e uma boca que me chamava gostosa. Duas mãos dadas bebendo vinho. Por último, um beijo que me diz, de dentro do elevador, "vá procurar alguém que te mereça. Eu te amo, do meu jeito, mas amo."
Queria dizer que vou, imediatamente. Mas seria uma verdade pouco válida nessa altura do campeonato. Vou ja ja, daqui a pouco, mês que vem talvez. Ou no próximo ano que já se aproxima, me lembrando que faz um ano que nos conhecemos em breve.
Mas eu sei, eu sei. O talvez que disse há pouco aqui já não cabe. É hora de te deixar ir. Vá.
O café ficou frio. A voz mudou, agora foi pra Ana Carolina (tortura do destino). Mas vou te deixar ir. (A resistência de acabar o texto se assimila com o conteúdo dele).

Menino, te deixo ir. Embora te ame. Amo. Mas amor não configura posse. E, no caso, nem mais esperanças. Seja do mundo.


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