Olá

Bem vindo a partes de mim



sexta-feira, 13 de abril de 2018

desejar teu corpo
entre cem mil outros corpos
pelo prazer de não pertencer a nenhum destes
eu sinto a noite como um calafrio
que me percorre a espinha e cruza
o oceano das histórias que me pintam
a paixão me faz uma mulher oblíqua
cubro curvas e desenho trajetórias perdidas
entre todos os caminhos que me deitam retos
os dispenso
o destino é mais prazeroso quando o faço
dançando por meus quadris à vontade de meus lábios
o mar noturno e a areia resfriada
eu não sou esta mulher
eu não sou a mulher se que deita ao seu lado todas as noites
não sirvo bem com a domesticidade
gosto da selvageria que nos devora quando falta luz
de percorrer estradas intocadas e me perder em cada esquina
não me acostumo com a paralisia dos dias
porque seu fervor me percorre
e o calor que aquece também incendeia
incinera
a cortina os móveis as vigas
destrói a casa em que fizemos nosso lugar
o mundo carece de paixão em meio ao caos
não é a rotina que nos comove
é quebrá-la
digo que sempre há amor
enquanto houver aquilo que nos destrói e reconstrói
em seu olhar
sua saliva, seu gesto e seu toque.
é preciso viver antes que a morte chegue, antes que sejamos sua morada
ainda que vivos
é preciso viver
com muito mais, com muito mais que o pouco
ainda que seja muito.
Rasgar o véu dos dias.




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