Olá

Bem vindo a partes de mim



quarta-feira, 7 de março de 2018

do rosto escorre um rio todos os dias
lágrimas após lágrimas
eu desenho na minha pele
o peso de minha cabeça

são vinte e um anos
meu corpo pende para vários lados
e ri da ousadia de quem acredita só haver dois

a alma é feita de tinta de aquarela
colorida, sutil e contagiante
mas desbota a cada gota que desce

alguns dias são mais difíceis
a saudade corrói
ferradura que pesa os pés
forjada à fogo

O que mata não é o medo
não é a dor, não é a ausência
o que mata - e que me perdoe o Senhor,
eu tenho medo de morrer -
é a desesperança.

esperança
esse bicho afoito,
que o escritor dizia bem:
não mata a fome, mas dá sabor ao pão
ensina bem como é ruim viver enssosso

tendo à crer que é possível,
fazer o possível, lutar o impossível
sempre um passo à frente da queda:
já onde nasce o amparo.

eu creio demais na bondade
e minhas pernas não aguentam mais o peso do corpo
os braços não aguentam o peso das mãos
e as mãos não aguentam mais carregar mundos

Hoje é só um dia ruim, que também vai passar.
às seis horas amanhece, às seis horas anoitece.
É sempre recomeço, é sempre continuidade.
resiliência.

sempre dizem que o mundo é meu
eu não o quero, pesa demais.
Cada um que tome o que é seu de direito.
e por direito eu quero dizer pertencimento.
afeto.
palavra que já não conseguimos achar perto da norma.


o mundo é grande demais
e eu sou pequena. pequena. pequena.
mas cresço. E todos os dias cresço.
Sou maior, serei maior.
Nunca do tamanho do mundo,
porque ele também cresce.


escrever é minha única morada
não há refúgio nem nos sonhos
escrever é o que me torna real
escrever é meu alimento, meu sal
minha esperança.

o sol sempre amanhecerá.

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