Olá

Bem vindo a partes de mim



domingo, 22 de janeiro de 2017

chove dentro chove fora
a cidade parece ouvir o ritmo do meu corpo
e ao invés de ditar seu próprio,
acaba sempre por acolher o meu

hoje a chuva tão casual
era o recado que minha alma cantava em tom agudo demais
desses sons que o ouvido humano ignora
mas que a natureza sempre interpretar com sabedoria e paixão

chove dentro chove fora
eu sinto sua falta
do tempo que nossos cachos corriam e dançavam
em outra chuva feito essa, que se derramava de alegria
ao invés de saudade

a gente corria pela universidade deserta
que sempre se preenchia com nossos sonhos
que eu não tenho mais a ousadia de sonhar ou deixar correr sem você

e dói ver você ser outra
outra que mudou num caminho diferente do meu
outra que cresceu longe de mim
outra que apertou o passo seguindo em outra direção

eu já sabia das mudanças
eu as esperava, até
o que dói é ver que mudamos, mas em tempo, ritmos distintos
não somos mais a mudança juntas
somos agora a partícula que início ou fogo mas se perdeu na combustão

sinto sua falta
de tudo que éramos, de tudo que podíamos ser
mas já não somos mais
nem eu sou eu
nem você é você
as duas
deixamos o nosso ponto de encontro

ao sair
esquecemos a luz acesa
é só um ponto aceso na estrada que traz lembrança.
não tão aceso à ponto de ser convidativo
nem incômodo o suficiente para o provocar esforço de retornar para apagar

é só luz
como a das estrelas que vimos naquela noite em pirangi
que corre no espaço rumo ao infinito
mesmo já não estando ali



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