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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Há um ano atrás, Natal viu o que foi provavelmente seu maior ato de rua (pelo menos desde a redemocratização) manifestando o apoio à candidatura de Dilma Roussef. As ruas se encheram de vermelho, roxo, várias cores... O povo gritava e pedia Dilma como presidente. O povo tinha medo de retrocesso, da fome, da falta de dinheiro, da falta de direitos, da elite.

Mas hoje, um ano depois, o povo não mais pede Dilma. E nós, que nos propusemos à militar em um partido de esquerda vamos dormir com medo. 

O governo descumpriu muito do que esperávamos e concretizou muito do que temíamos - pouco do que esperançávamos. Sofremos com a nomeação das/os ministras/os e com o ajuste fiscal, agora choramos os retrocessos nas políticas para mulheres, a aprovação do estatuto da família, e o pagamento nos cursos de pós graduação. 

É certo que existem muitos erros no caminho. Que a opção pela conciliação de classes cobra preço alto e que quem o paga é o povo, já está estampado. Sabemos que ainda há muito para ser conquistado - e muito mais para não deixar tirarem de nós! - e é preciso ter ânimo e esperança nessa caminhada de luta.

Mas, mesmo diante de fortes decepções e desilusões, hoje, mais do que ontem e antes, eu compreendo a importância de se defender um governo democraticamente eleito. Depois de ver o fascismo de perto (e de longe também), de saber que existem figuras como bolsonaro e cunha querendo dominar a política brasileira e que quem sempre teve privilégios não poupará esforços para não perder-los. eu vejo ainda mais urgente a necessidade de nos unimos e lutarmos.

Se não formos nós, quem será? 

O outro lado está organizado e preparado, possui as armas, a mídia e o dinheiro. Nós temos a fome, a coragem e o sangue. Pois então que usemos tudo que nos resta, para ir além e não ter medo. Para falar, à cada um e todos que a democracia e os direitos humanos são o canal para uma sociedade melhor. Que não podemos deixar-nos enganar por aqueles que só querem nos explorar e calar.

Hoje, mesmo pedindo união e coragem, o que mais sinto é medo (também impulso transformador, mas com pesar...).

Sinto medo porque sou mulher, e não sei se posso sair na rua.
Sinto medo porque posso ser estuprada, e não sei se vou receber o melhor e devido tratamento.
Porque posso correr o risco de ser mãe indesejavelmente, e não poderei me cuidar.
Se engravidar, não poderei abortar. Serei bandida de abandonar. Não trabalharei ou serei bem paga se criar.
Sinto medo porque sou militante. Acredito e sonho em uma sociedade diferente, encontro em companheiras e companheiros a vontade de construir juntas. 
Sinto medo porque posso ser agredida ao usar roupa vermelha. Sinto medo porque não haverá ninguém pra defender.
Sinto medo, por mim e por aqueles que partilham do mesmo rasgo de nascença ou dos mesmos sonhos que eu. Porque, aqueles que nos querem extinguir enxergam na nossa vida um nada muito fácil de tirar.


Hoje, o medo me toma porque o futuro é incerto e angustiante. Peço, amigas, colegas, desconhecidas, quem quer que seja que venha a ler esse pequeno texto: não se deixem enganar. Lutem pelos direitos humanos, pela igualdade, pela democracia e pela dignidade. Não deixemos que o fascismo e o ódio cresçam e floresçam onde a dúvida.

Vamos, juntas/os lutar para que o programa eleito em 2014 se concretize! Que o governo democraticamente eleito continue, mas mude drasticamente sua postura.

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