escorreu
a última gota de suor
do meu corpo
escorreu
a última lágrima
do nosso rio
do tempo
escorri
pelas paredes.
o corpo pesado e frio
parecia outro
de tão delicado que caía ao chão
a morte as vezes nos faz leve
demais
não havia motivo para alarde
nem gritaria, ou choros
não se acendeu uma vela sequer
eu fui caindo e morrendo aos seus pés
silenciosa como uma virgem
juntando meu choro miúdo
ao som ambiente
para que você nem mesmo
ouvisse minha voz
afinal
ela nunca esteve aqui
não tem pra quê isso
o que morreu a boca do passado já engoliu
e regurgitou
e engoliu de novo.
Não se pode matar o que esta morto.
Por isso que
dessa vez,só escorreu
escorreu meu suor pelo chão de madeira
escorreu minha lágrima lavando teu pé
escorreu a gota que fecha a torneira do tempo
doeu mais uma vez
porque sempre dói
mas a morte, ainda bem!
só só se morre uma vez
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