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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

EU VI DEUS


Eu vi deus
e era uma mulher preta

Era uma mulher que me sorria, pedindo pr'eu cuidar de suas netas
Que me dava a missão
como quem recomenda o tesouro mais precioso
e eram

Eu vi uma mulher preta
Que me sorria, desejava boa noite
pra senhora também

Era preta. E sua pele era sofrida.
Mas sua boca sorria, e não tinha ódio
E pouca era a dor, calada diante de tanta esperança

Mas naquele corpo, naqueles ombros
Já se subiram as filhas, as netas, o mundo
A responsabilidade, a fome

o medo


Subiram os amores, os risos
A fé
Subiram como ela subia a ladeira, que dava em casa
Em Deus, subiram os sonhos.
Maiores que os meus, que os de todos ali

Era preta. Preta e sonhava.
Muito menos do que suas netas viriam a sonhar
muito mais do que a realidade queria permitir

Deus, que era mulher, que era preta
Que queria que eu cuidasse de suas netas
Que me recomendava com carinho
Que me dava boa noite e adoçava o café
Sonhava.

E mostrava, e fazia
que mesmo que te digam não
que mesmo que te tirem tudo
que te deem nada
Que DIGAM que você é nada
Deus era. Era mulher, era preta e era flor.

Floria de sonhos a vida, a boca e o destino

é garra, é força, é luta

Luta que não é mais só sua, é minha também.
É nossa.
Porque eu vi deus.
Eu olhei seus olhos e eu vi deus.

me deu missão -  eu cumpro.

Cê cuida delas?
Podexá,  a gente se cuida.


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